Acredito que a maioria das mães que trabalham fora, sempre pensam na possibilidade de ficar só em casa. Pelo menos isso fica martelando na minha cabeça desde o nascimento da Marina. E olha que quando estava grávida dela, eu era toda segura, falava que voltaria ao batente tranquilamente. Mas, quando ela chegou ao mundo, eu não conseguia cogitar a possibilidade de deixar um ser tão pequeno longe de mim o dia todo. Não teve jeito, quando ele tinha quase 11 meses retomei a carreira. Foi choro pra lá, dor no coração e pensamentos constantes se eu realmente estava fazendo a coisa certa.
Nessa época, o lado bom foi que eu guardei minha asa de coruja. Afinal, era praticamente impossível ter o controle de tudo dependendo de terceiros. Antes de voltar a trabalhar, eu achava que só eu era capaz de cuidar da Marina como ela merecia. Aos poucos fui percebendo que não era assim. Foi um alívio. Um peso, que eu criei sozinha, foi saindo das minhas costas. Mas o martelo não parava de bater, era ou não era a atitude certa ficar longe o dia todo.
Continuei trabalhando e eis que fico grávida de novo. Já pensei nos incríveis meses de licença maternidade que ficaria em casa me dedicando só à eles. Para quem é mãe, na minha opinião, essa é uma das melhores fases. Ninguém cobra ou julga nada, afinal, você esta exercendo o papel que deve fazer, sem se culpar se está ou não trabalhando. Sua função é apenas curtir e se deliciar com as novidades de um bebê que chegou ao mundo.
Quando os meses mágicos acabaram, o martelo voltou a bater e além da dúvida se deveria ou não voltar a trabalhar, eu pensava, agora estou deixando duas crianças em casa. Achei que seria mais fácil. Claro que não foi, mas, no primeiro dia de batente tomaram a decisão por mim. Fizeram o convite para eu me desligar da empresa, me despediram. Na hora cresceu uma felicidade dentro de mim. Voltei para casa e lá estavam meus pequenos. Beijei, abracei e decidi que ficaria só no ofício de mãe até o Gui completar um ano, pelo menos.
Como nem tudo que a gente planeja segue dentro do previsto. Passou um mês, recebi uma proposta. Como o salário era melhor e o trabalho era mais perto, não poderia me dar ao luxo de recusar. Entre a dúvida de ficar ou sair, completei quase cinco anos neste emprego.
Conto toda essa história, porque hoje, conversando com uma mãe no parquinho do prédio, me deparo com uma mulher que parou de trabalhar para se dedicar aos filhos. E adivinhem, o martelo dela bate ao contrário. Ela acha que não pode se dedicar só aos filhos, eles crescem e você acha que não fez nada por você.
Faz quase três meses que estou numa empresa que é ainda mais perto de casa. E, apesar de almoçar quase todos os dias com as crianças e de conseguir fazer homeoffice alguns dias, o 'tal' de martelo não para de bater.